O grande cavalo de Tróia das democracias modernas é o
sufrágio universal, dispositivo "legal" elevado ao status
"evidente" de uma cláusula petrea, inegociável e indiscutível. Essa é
uma artimanha do processo de destruição que a mentalidade revolucionária
promove, que é tornar indiscutível as premissas fundamentais de um processo
destrutivo que só poderá ser frenado e desarticulado, efetivamente, se forem
removidas tais "pedras" angulares desse mesmo processo destrutivo que
são os seus conceitos indiscutíveis tal como é, dentro da atmosfera
"democrática" moderna, a idéia do sufrágio universal. Toda boa
democracia que se preze deve, como condição fundamental da sua própria
sobrevivência e boa finalidade, limitar o sufrágio de quem não tem um nível
mínimo requerido de consciência histórica da comunidade, para ter direito de
participar nas escolhas e rumos que essa mesma comunidade escolherá como
futuro. Portanto, a verdadeira idéia da democracia é um governo que emana da
síntese efetiva de pessoas efetivamente conscientes de uma dada sociedade
democrática, tornando, obrigatoriamente, apolitcos, por força de lei, uma massa
ignóbil que ainda não se elevaram dos sentidos mais limitantes provenientes de
uma natureza humana decaída, porém efetivamente boa. O único meio que um democracia
tem para defender-se dos barbarismo vertical que faz uso dela para implementar
o seu processo inerente de destruição é combinar o direito de voto efetivo com
uma efetiva limitação de sufrágio definindo níveis intelectuais mínimos, para a
participação efetiva em uma determinada sociedade política. O sufrágio
universal tem o efeito diametralmente oposto do que supõe o seu discurso auto
justificativo, romântico e ideal, pois não é verdade que ele integra os mais
simples ao processo político, do qual, sem o "espírito verdadeiramente
democrático" no qual tais "boas" criaturas, não poderiam ter as
suas vozes ouvidas no processo político. Isso, evidentemente, não passa de um
discurso pré textual, pois o que na verdade ele promove na prática das suas
consequências reais e efetivas é a segregação e neutralização eficaz, pela
multidão dos homens simples, ignorantes, a quantidade, sempre numericamente
inferior, do voto qualificado daqueles outros que efetivamente tem condições
racionais mínimas e necessárias para a boa escolha de um destino melhor para a
comunidade política. A idéia "democrática" tal como hoje é
romanticamente evocada, não passa de um engodo contado para um fim totalmente
diverso do qual, idealmente, aponta o seu discurso auto justificativo, que elege
como cláusulas inegociáveis aquilo mesmo no qual está baseado o processo
destrutivo dos bárbaros verticais e que em vista da sua natureza de propósitos
precisa ser bem discutida. Enfim, uma democracia sem limitação do sufrágio, sem
apolitismo formal, não passa de um engodo satânico que apenas proverá as
condições necessárias para a construção efetiva de um estado tiranicamente
totalitário. Com o sufrágio universal, uma democracia não passa de um estado de
transição entre dois totalitarismos, o monárquico e o ditatorial.
Relatos : Haroldo Monteiro
Ha
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